sexta-feira, 23 de julho de 2010

Dois pesos e duas medidas.


Vítima do comportamento discriminatório das classes dominantes dentro da família.
Existe um apartheid no interior das famílias que deveria ser mais debatido pela sociedade como um todo.
O interessante é que não se fala desse tormento e ele vai se reproduzindo de geração em geração. A família, célula mater da sociedade deve ser preservada dos conflitos internos que nela acontecem, não podem tornar-se públicos.
Enquanto isso os discriminados, violentados psicologicamente, os que não se submetem às regras hipócritas que permeiam as relações familiares são excluídos e pronto. Silêncio total sobre eles.
Eu me sinto responsável por tantos anos de silêncio, porém eu não percebia o caráter da luta de classe que é real na família: pensava que era algo normal, uns tios e primos terem mais privilégios do que eu ou outro parente mais pobre. Levar surra por motivos fúteis, enquanto que nos filhos dos mais ricos eram achados "engraçadinhos", "fofinhos". Ser ofendido profundamente por atos infantis ou próprios da adolescência, que nos mais ricos é tido como "rebeldia da idade", "isso passa, é compreensível". Na vida adulta, ser relegado à segundo plano em todos os investimentos familiares como pagamento de curso superior, dinheiro para dar entrada numa moradia e/ou num veículo enquanto aos mais ricos tudo é facilitado, até dinheiro para "baladas", "passeios com amigos".
Isso até parece lamento de um membro das classes médias urbanas do Brasil.
E é!

Eu, pelo menos, fiz minha opção pelo proletariado, limitando minhas relações com a família ao cuidado com os familiares mais idosos, doentes e/ou despreparados para o cotidiano de luta que é viver num país capitalista, onde o que "manda" é o dinheiro. Mas sofro, apesar do "Manifesto Comunista" já ter me esclarecido das hipocrisias da família burguesa.

Desafortunadamente, quem eu ajudei, hoje, vive muito bem, porém sem os menores escrúpulos de apoiar políticos corruptos e vende-pátria. E os mais novos me eliminaram de seus contatos tornando-os inexistentes para mim. nenhum problema: estou com uma família maior: o povo.

Estou aqui, desabafando - e me desculpem - mas estou com um parente na minha casa que está ocupando espaços dentro de minha casa que eu não liberei para ele. Fumando na hora que estou comendo - e eu sofro de diabetis mellitus 2 -e dei um toque nele. Mas a pessoa que o trouxe soube e veio tomar satisfações comigo, como se eu fosse um cão sem dono, um excremento abusado que ousa dizer o que serve dentro da minha casa ou não.

Basta! Não silencio mais. Vão ter que me aturar do jeito que sou dentro da minha casa. Não desrespeito o lugar de ninguém, por isso acredito que estou certo. Não é porque é "minha propriedade", mas sim é meu lugar de descanso, de cuidar de mim, de ter em volta pessoas que eu confio e me são fiéis.

O que fica claro neste fato é que a minha"visita" é do setor da família que tem dinheiro, são formados nas melhores universidades. E eu, meus pais somos pura classe média pobre! E meu apartamento uma área pública para a família que a gente não escolhe. E eu sigo cedendo....até quando....

Ufa! desabafei....

3 comentários:

  1. Desculpe meter o bedelho em um assunto espinhoso desses, Zeca, mas se lidar com a luta de classes já é complicado, dentro da família então nem se fala.
    Ora, se esse seu parente (É serpente!!!) é da parte abastada da família, ele que alugue ou compre um imóvel ou que vá para um hotel, aonde ele poderá fumar e fazer o que quiser na hora que bem entender. Debaixo do teto da sua casa as regras a serem seguidas são suas e acabou. Quem concorda fica, quem ñ concorda que vá!!!

    Abraços, Léo

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  2. Zeca, não importa quanto tempo a gente leve pra amadurecer a coragem de opinar, sempre é certo defender suas ideias também dentro de casa.
    Você, que sempre defendeu publicamente suas posições políticas, agora tem o apoio da sua família maior (povo, amigos, amor) para pedir respeito por suas regras dentro de sua casa.
    bê com amor,
    marcita

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  3. Obrigado, Már e Léo. Estou conseguindo manter o que me ordenei a mim mesmo. Minha "visita" está fumando fora e está cada vez mais caindo na real que aqui é minha casa. A força de vocês só se soma a minha tardia coragem de enfrentar os poderosos e os que me ignoram na família.

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